sábado, 22 de novembro de 2008

Sobre MPB

Não, eu não tenho e nunca tive a intensão de transformar isso aqui em um espaço para crítica musical¹, afinal, odeio críticos e não acho que tenha potencial para classificar músicas, filmes ou o diabo a quatro com estrelinhas apenas me baseando no que eu gosto.
Mas esse não é um blog sobre o que eu gosto e sim sobre o que eu odeio. É, eu odeio a MPB.
E como todo chato eu gosto de definir as coisas para que todo imbecil possa saber do que estou falando.
Primeiro: O que é Popular? Popular é o que vem do povo, o que o povão gosta, o que a torcida do Corinthians escuta quando estão em casa num domingo à tarde esperando o jogo começar junto com a galera curtindo um churrasco.
Então podemos classificar o funk, o pagode, o samba, a Joelma Calipso, Roberto Carlos e cia todos como MPB porque é o que o povo escuta. Mas não é sobre essa MPB que eu vou falar, é da outra. Embora o Funk e a Joelma do Calipso também me irritem eu não tenho muito o que falar deles. Hoje eu vou botar sal na ferida, enfiar o dedo no olho e dar joelhada no baço. Já me acostumei com as críticas que vêm quando eu me refiro a Chico Buarque e sua trupe, sim é exatamente dessa galera que eu vou falar. Odeio a todos. Desde Nara Leão até o Arnaldo Antunes. Já me questionaram o porquê disso milhares de vezes e nem sempre consegui fazer claro o meu ponto de vista. Alguns amigos me dizem que meu problema é com os fãs da MPB e é verdade. Odeio a todos os universitários "engajados", a elite cultural de esquerda e a classe média preguiçosa que gosta desse tipo de música porque dizem que é cultura.
Mas além disso eu também não suporto a pose dos deuses da MPB, não agüento ver o Caetano Veloso sentado em seu banquinho, como se aquilo fosse um trono, dando chilique. João Gilberto e seu péssimo carisma, claro, afinal eles são gênios da música que cobram quinhentos reais por um show de quarenta minutos a cada quinhentos anos. Não suporto pelo simples fato de que, após serem colocados no alto de um pedestal dourado, esses seres da MPB podem cagar e cuspir na cara de qualquer um que ainda serão considerados geniais. Acho engraçado a hipocrisia que vem junto com os intelectuais da música. Minha mãe, por exemplo, ama a voz da Elis Regina e não gosta do tipo de música que eu escuto, pois diz que é música de drogado. É engraçado, porque todos fazem o possível para esquecer o fato de que a Pimentinha morreu de tanto cheirar. Ah, mas ela era talentosa. Ok, verdade, concordo e se saiu na Folha de São Paulo e se o vestibular me fez estudar a letra da música do Chico Buarque então realmente deve ser coisa de gente inteligente.
Eu não consigo ver arte inteligente na música do Nando Reis e menos ainda na música do Seu Jorge, aquele que se vangloria por ter popularizado o samba-rock e faz a alegria da juventude de merda. Pode ser minha culpa, claro. Afinal, muita coisa eu não escuto (e nem vou escutar) por puro preconceito. E por falar em preconceito, voltemos por alguns instantes aos fãs da Música "Popular" Brasileira, esses seres intocáveis, infalíveis e acima de qualquer crítica porque são cultos e conhecedores da boa música e reverenciadores do cinema nacional (Sim, tem a ver). Esses que adoram a cultura brasileira, amam o país, discutem sua política e sua música são os mesmos que fazem cara feia quando veêm um grupo de pessoas se divertindo com um pagodinho num boteco, não perdem a oportunidade de criticar o funk , chamando de música de favela. Não eram eles os fãs da cultura nacional? Afinal, o Funk há muito tempo desceu o morro e agora agita as bundinhas da classe média alta de São Paulo.
É realmente fácil chamar aqueles que escutam a verdadeira música popular de incultos quando papai pagou o Objetivo para que a gente pudesse estudar na USP(Se você deu duro pra entrar lá, trabalhava entregando quentinha pra pagar o cursinho ou o caralho a quatro guarde isso para seus netos quando precisar dar lição de moral em alguém). E é até difícil de entender isso, já que o Estado de São Paulo diz que mais de 90% da população brasileira é alfabetizada e frequenta as salas de aula. O mesmo vale para os músicos "exilados" da nossa MPB, o Brasil é realmente muito bonito quando se mora na França. O povo brasileiro é realmente o mais caloroso quando se está na Inglaterra, mas por favor não cheguem muito perto. Os novos músicos da MPB não fogem da regra, há pouco tempo li uma matéria onde a Vanessa da Mata comparava sua música ao protesto de Gandhi²:
"Se você quiser eu largo tudo, vou pro mundo
com você meu bem"
nessa nossa estrada só terá belas praias e cachoeiras"


Realmente, Vanessa. Versos como esse sempre me fazem querer lutar contra
governos opressores.
Ainda não sei se consegui explicar a minha aversão a tal estilo musical, espero que os putos dos meus amigos não venham me encher o saco falando que é loucura. Vocês já disseram isso milhões de vezes e não vão mudar minha opinião.
Não me venham com "o grande sambista" porque eu quero que o "grande sambista " e outros "grandes gênios explodam" e ardam no inferno junto com Elis Regina e Cássia Eller.
Ultimamente a música tem me tirado tanto do sério que vou acabar num hospital.




¹ Crítica de cu é rola. Essa é minha opinião.
² Se você não sabe quem foi Gandhi ou o que ele fez, por favor se mate.

Sobre Mallu Magalhães


“O ponto alto do show (pouco aproveitado pelo público, a maioria de camisetas pretas esperando pelo Offspring) foi com "Noil", em que Mallu toca escaleta. A música, arrastada e com uma levada blues, foi a trilha sonora certeira para um final de tarde ainda claro e nublado.”

Gostaria de começar esse post falando antes dos críticos de música no Brasil, ou, aqueles que, quando tentaram, não conseguiram tocar Stairway to Heaven e desistiram de gostar de música boa. Para ser crítico de música no Brasil (ou no mundo) você precisa de duas coisas :

  1. Um péssimo gosto/formação musical
  2. Contatos
  3. Muita cara de pau

Os itens estão conectados, afinal, aqueles que fazem a péssima música que você vai ser obrigado a escutar são aqueles que vão te colocar lá em cima. Quanto mais você falar (bem) da banda dos filhos dos empresários, mais respeitado você vai ser. Use termos como "reinventores", "vanguarda", "gênios" e "salvadores" para descrever qualquer merda que eles façam com os pobres instrumentos musicais, ou o computador.

De uma hora pra outra parece que todo mundo virou "indie", acho que é mais fácil ser "indie" porque você só precisa de UMA coisa: Gostar de, ou fazer música ruim. Isso é essencial. Eu não conheço nenhuma banda de indie rock que seja digna de 5 minutos da minha vida. Uma ou outra merecem um “bacaninha”, mas a repetição e a falta de talento musical acaba com qualquer chance que se possa dar pra uma delas. O que eu ainda não entendo é por que essas bandas ainda são chamadas de alternativas. Alternativo por quê? Se toca em todas as rádios, na MTV e as comunidades do orkut têm mais de trinta mil membros?

Mas isso vai ser discutido em um outro post, hoje nós vamos falar de Mallu Magalhães.


Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães é filha de alguém que conhece um produtor musical, ponto. A garota, então com 15 anos, gravou suas músicas e colocou na Internet. É uma coisa legal para se fazer aos 15 anos ao invés de cheirar cocaína nas raves da madrugada, ponto pra garota. Mas daí a compará-la com, pff, Bob Dylan?

Podem me perguntar “De onde diabos você tirou isso?”, pois é, alguns dos nossos amigos críticos já chamam o “prodígio” de filha do Bob Dylan porque supostamente a menina toca um folk rock. Agora ela é revelação, sábado tocou no festival de culto ao mau gosto chamado “planeta terra festival”, a frase no início do texto é de alguém que cobriu o evento. Passando de revelação virtual para o mundo real, agora todo mundo fala em como é talentosa, pode até ser engraçadinha, aliás eu não sei se ela é boba ou só se faz de boba, porque se apenas se fizer de boba de boba ela não tem nada. Mallu vende e vende muito, hoje, eu quero só ver daqui a 5 anos quando ninguém mais se lembrar da garota prodígio, a filha do Bob Dylan ou qualquer patifaria que usem como apelido para a garota. E cá entre nós, não é tudo isso não, não é nem metade disso.




www.youtube.com/watch

Reconhecer um prodígio não é tão difícil quando a gente realmente para pra pensar.

O Trem

Esses dias minha mãe estava se queixando da minha falta de perspectiva na vida. Afinal, dois cursos universitários foram deixados pela metade ¹.

Estava tentando entender o porquê da minha falta de vontade em concluir as coisas, tudo bem que o primeiro curso, Publicidade e Propaganda, não tinha nada a ver comigo, eu tinha apenas 17 anos de idade e não tinha a menor idéia do que estava fazendo ali. Parei.

Depois vieram seis meses de pura vagabundagem, um ano de cursinho, falha no vestibular, ganhei uma bolsa e pá, comecei a cursar História. Ah, que maravilha que era sentar no meio de tantos anarquistas, comunistas, democratas e analfabetos para pensar na revolução que um dia viria, pelo menos era o que eles esperavam. No começo eu estava feliz, tudo era muito legal e interessante até que eu caí na real e percebi que não havia nascido para a vida erudita de professora de História (e menos ainda para o salário de um professor de História, não sejamos hipócritas), comecei devagar, faltando uma vez por semana, depois a semana toda e enfim, larguei. E agora passo meu tempo em um curso técnico de fotografia. Mas a falta de afinidade realmente não explica o fato de ter largado dois cursos universitários, minha mãe está certa, há algo de errado nisso. Hoje, voltando da aula de fotografia eu finalmente encontrei a resposta para a minha falta de motivação e irresponsabilidade educacional: O trem.



Convenhamos que nem todos nós somos filhos de Deus. Pois se fossemos, não teríamos que encarar o transporte público paulistano. Não sei quanto a vocês, mas eu odeio. Seja o trem, o metrô ou os ônibus (Aqui na Zona Leste ² chamados carinhosamente de peruas), mas percebi que tem gente que realmente gosta daquilo tudo, aliás, aproveito esse espaço para agradecer a Nokia pelos novos modelos de celular que tocam como se fossem rádios, as pessoas se esqueceram dos fones de ouvido. Valeu, Nokia. Agora posso escutar sempre o Bonde do Tigrão enquanto estou tentando ler, valeu por arruinar a minha vida.

Voltando à felicidade dos outros no trem, vou me limitar ao Expresso Leste da CPTM que liga a estação da Luz a Guaianazes. É fato que, se você não tem estômago, não vai andar de trem. Sim, é cheio, apertado e fede, mas o metrô de Londres também é assim e aposto que em todos os lugares é. Mas o que é mais interessante no transporte paulistano são as pessoas que freqüentam, podem dizer o que quiserem, mas as pessoas se divertem ali. É quase como a cocaína. Vão lá nas estações terminais e digam que estou mentindo. Olhem para aqueles olhinhos saltados, a sudorese, o coração disparado quando aquele imenso pedaço de metal se aproxima, vagarosamente, da plataforma. Ah, eu posso sentir a excitação.




Quando o trem abre as portas é o clímax, as pessoas que estão dentro tentam sair enquanto as que estão fora tentam entrar. É sempre a mesma coisa, quem ta dentro sempre sai xingando e quase sempre dá briga, mas amiguinhos, vocês se esquecem de que quando estão do lado de fora TAMBÉM empurram, socam, chutam qualquer velhinha só pra poder sentar, ao lado da janela de preferência. Observei tudo isso hoje, enquanto esperava uma chance de entrar no trem, afinal não posso viajar como uma sardinha em lata considerando o problema que tenho nas costas (começa com Canon e termina com Cara), então eu espero a chance de poder entrar, me alojar em algum canto seguro e, novamente não sejamos hipócritas, se for possível me sentar. Mas só se for possível, afinal eu não cruzei o deserto a pé pra estar tão podre. Já os felizardos, aqueles que conseguem sentir a vibração, eles dão a vida pelo assento. É uma gritaria, e todos riem, inclusive as velhinhas que também batem em quem for necessário para conseguir seu lugar. Pensando em tudo isso, não é surpreendente que eu tenha largado a faculdade (por duas vezes).


¹ Os cursos largados foram: Publicidade e Propaganda no primeiro semestre e História no quarto semestre.